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- As noventa e cinco teses:

 

Lutero via as indulgências como um verdadeiro

assalto aos poucos recursos do povo e completo desrespeito ao futuro

eterno do povo alemão. Foi assim que, em outubro de 1517, quando

grande multidão comparecia à igreja do castelo na cidade de Wittenberg,para a festa de Todos os Santos, que ele afixou na porta da catedral, as

suas noventa e cinco teses, denunciando o abuso gritante da venda das indulgências

papais.

Ele acreditava que receberia o apoio do papa ao revelar os males da

venda das indulgência. Inicialmente, o papa achou graça nas teses de Lutero,

dizendo: “ Um alemão embriagado escreveu-as”. Mas não tardou

para que ele mesmo tivesse que mudar de idéia e começasse a agir contra

esse “monge rebelde”. A primeira atitude do papa Leão X foi intimar

Lutero a comparecer em Roma. Mas o caso foi resolvido mesmo na Alemanha,

devido a intervenção do Eleito da Saxônia, que resolveu protegêlo

e não permitiu que ele fosse a Roma. Na frente dos enviados do papa,

Lutero declarou que o papa não possuía autoridade divina e que os concílios

eclesiásticos não eram infalíveis. Com essas declarações estava concretizado

o rompimento de Lutero com a Igreja Romana. Ele agora estava

no centro da batalha. Sua doutrina de salvação e justificação pela fé

estava produzindo efeitos inimagináveis. Em 1520, Lutero revelou-se como

um grande líder nacional, ao escrever o livro “A Nobreza Cristã da

Nação Alemã”.

- A excomunhão de Lutero: Enquanto era publicado o livro acima,

a bula de excomunhão de Lutero era promulgada. A bula obrigava Lutero

e os simpatizantes da sua causa, a retratarem-se de suas “heresias” dentro

de 60 dias, e ainda determinava que se eles não o fizessem seriam tratados

como hereges, isto é, seriam presos e condenados à morte. As autoridades

da igreja ordenaram ao povo que queimassem os livros de Lutero,

ação que foi posta em prática primeiramente pelos legados do papa.

Do outro lado, em dezembro de 1520, em Wittenberg, Lutero, convidava

os estudantes para assistirem a queima dos “livros maus dos decretos

papais e dos teólogos escolásticos”. Diante de grande multidão de

estudantes, professores, cidadãos de todas as classes, ele atirou à fogueira

os livros e a bula que o ameaçava de excomunhão caso não se retratasse.

Em janeiro de 1521, o papa publicou a terrível sentença. Lutero foi

excomungado e condenado a todas as penalidades conseqüentes da sua

heresia. Mas, para que essa bula tivesse efeito legal, dependia da confirmação

da Dieta do governo do Imperador Carlos V.

Lutero, parti para Worms, mais antes, dá ordens acerca da continuação

do trabalho, caso ele não voltasse mais. Durante a sua viagem, o povo afluiu em massa para ver o grande homem que desafiava a autoridade

do papa e foi acompanhado por uma grande multidão ao entrar na cidade.

No dia seguinte foi levado perante o Imperador Carlos V, ao lado do qual

se achavam o delegado do Papa, seis eleitores do império, vinte e cinco

duques, oito margraves, trinta cardeais e bispos, e sete embaixadores, os

deputados de dez cidades e grande número de príncipes, condes e barões.

Sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembléia

de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a

noite anterior em oração e vigília, prostrado com o rosto em terra lutou

com Deus, chorando e suplicando.

No dia seguinte, ao transpor a porta, Lutero se viu perante a Dieta.

Quando o porta-voz do papa exigiu que ele se retratasse perante a assembléia

respondeu o Reformador: “Se não me refutardes pelo testemunho das

Escrituras ou por argumentos – desde que não creio somente nos papas e

nos concílios, sendo evidente que já muitas vezes se enganaram e se contradisseram

uns aos outros – a minha consciência tem de ficar submissa à

Palavra de Deus. Não posso retratar-me, ....”.

Os representantes do papa queriam que a sentença de morte contra

Lutero fosse cumprida rapidamente, o que não aconteceu, porque o príncipe

da Saxônia, simulando um seqüestro, enquanto Lutero voltava para Wittenberg,

levou-o, ao castelo de Wartburgo. No castelo, Lutero passou

muitos meses disfarçado; tomou o nome de cavaleiro Jorte, e o mundo o

considerava morto. Contudo, no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe concedida

a liberdade de escrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade

de literatura, que essa obra saíra da sua pena e que, de fato, Lutero

vivia. Profundo conhecedor do grego e do hebraico, traduziu o Novo Testamento

para a língua do seu povo, em apenas três meses. Poucos meses

depois a obra estava impressa e nas mãos do povo. Contudo, a maior obra

de toda sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo alemão a Bíblia na sua

própria língua.

B) Zwínglio e a Reforma Suíça

A suíça do século XVI era formado por um povo de espírito pátriotico

e amigo da democracia. Mas, como em outros lugares da Europa, a

Igreja Suíça tinha sobre si o monopólio político dos governadores e as diretivas

religiosas do papa de Roma. O povo não estava satisfeito com o que vinha acontecendo, o que contribuiu para que a Suíça tomasse novos rumos

políticos e religiosos com a nova concepção da vida resultante do

Renascimento.

Zwínglio, graças a influência do tio que era pároco em Wildhaus,

vila onde morava, conseguiu educação esmerada, tendo chegado a estudar

em universidades famosas como as de Viena e de Basiléia. Teve como

mestres, muitos homens tidos como grandes expoentes do pensamento renascentista,

destacando-se o grande humanista Tomás Wyttenbach, que

marcou-lhe a vida por ensinar-lhe a divina autoridade da Bíblia, a morte

de Jesus Cristo como o preço único do perdão e a inutilidade das indulgências.

Zwínglio tornou-se sacerdote, somente por haver outros clérigos

na família.

- Suas idéias evangélicas: Em Glarus, Zwínglio teve a sua primeira

paróquia. Foi aí que aprofundou-se nos estudos das Escrituras, à luz do

ensino reformista. Depois, residindo como sacerdote em Einsiedeln, lugar

onde iam muitos peregrinos, ficou profundamente triste e revoltado

com o espírito idólatra e as superstições reinantes entre o povo daquela

cidade, alimentadas pela Igreja Romana. Comparando essas práticas medievais

com o ensino prático das Escrituras, ele inclinou-se gradualmente

para as verdades do Evangelho. Em 1519, Zwínglio já era tido como pregador

notável, pregou em Zurique, de onde sua fama se espalhou por toda

a região. Por esse tempo, foi acometido de grave enfermidade que, em

vez de fazê-lo esmorecer, aprofundou ainda mais sua vida religiosa.

Em 1522 publicou um livro através do qual falava abertamente dos

motivos do seu afastamento da Igreja Romana. Por esse tempo, em virtude

de distúrbios provocados pelos inimigos de Zwínglio, foi convocado o

Concílio de Zurique, que se propunha pôr fim à controvérsia religiosa.

Após demorado e caloroso debate, Zwínglio fez uma declaração de fé de

acordo com os princípios fundamentais da Reforma: o sacerdócio universal

de todos os cristãos. A sua declaração enfatizava principalmente: 1)

Os homens são salvos por Deus por meio da fé em Cristo; 2) Exaltou a

autoridade da Bíblia; 3) Atacou a autoridade do papa, a missa e o celibato

do clero. No final do Concílio, a causa de Zwínglio era declarada vitoriosa

e assim, a Suíça rompia definitivamente com a Igreja Romana.

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