
O Protestantismo na Escócia e na Irlanda
A restauração de Carlos II ao reino da Escócia, foi seguida de uma
reação semelhante à que houve na Inglaterra. Em 1661, o Parlamento Escocês
restabeleceu os bispos na Igreja da Escócia e declarou o rei como
chefe da Igreja. Removeu também das suas paróquias muitos ministros que
foram substituídos por homens incompetentes. Contra tal atitude houve
protesto do povo, quem em grande parte abandonou as igrejas para ouvir
os ministros expulsos em suas próprias casas ou nas praças públicas.
A) Os Pactuantes Perseguidos: Levantaram-se os “Convenanters” ou
Pactuantes – poderosos grupos de pessoas que insistiam em permanecer fiéis
à antiga forma presbiteriana e contrário às interferências do governo
nos negócios da igreja. Contra essas pessoas moveu-se atroz perseguição
cujo resultado foi torná-la mais firme. Não tardou para que essa oposição
ao governo se transformasse em rebelião armada, que terminou na batalha
de Ponte Bothwell em 1679, onde os rebeldes foram derrotados. Depois
disto alguns pactuantes prometeram ficar em paz. Outros, porém,
conhecidos como “Cameronianos”, com seu chefe Ricardo Cameron,
nem se submeteram, nem reconheceram o governo, que lhes exigia o que
eles próprios consideravam um erro. No oeste da Escócia esta gente foi
perseguida por toda a parte. Homens e mulheres preferiam abandonar suas
profissões e lares, a violar suas convicções quanto ao que julgavam ser
a vontade de Deus.
B) A Igreja Escocesa volta a ser Presbiteriana: O fim dessa perseguição
veio com a ascensão ao poder, de Guilherme e Maria, em 1689. O
presbiteriano foi, então, restaurado na Escócia para nunca mais ser perturbado.
Alguns dos “cameronianos” não aprovam de todo esta restauração,
em virtude de não se fazer referência especial ao Contrato ou Acordo,
que para eles era de tanta importância e estima. Daí eles se recusaram
a tomar parte na Igreja reorganizada da Escócia. Deles procedeu a
organização que tomou o nome de Igreja Reformada Presbiteriana.
A Igreja Nacional que se tornara presbiteriana em 1689, além de
ser a igreja oficial da Escócia, representava realmente as legítimas opiniões
e sentimentos religiosos do povo. A grande maioria era presbiteriana,
e quase todos, exceto uns poucos, estavam na igreja nacional. A união
dos Parlamentos da Inglaterra e da Escócia em 1707, deixou este último
país sem outro parlamento ou qualquer instituição política que lhe fosse
própria. A Igreja nacional tornou-se então a grande organização do povo
escocês.
A vida religiosa da Escócia durante o século XVIII foi assinalado
por indiferença generalizada e por uma inatividade semelhante à que existia
na Inglaterra antes do grande reavivamento. Não havia interesse nem
entusiasmo no ministério. O Reavivamento geral na Inglaterra não teve a
mesma correspondência na Escócia, que esperou até o século XIX para
experimentar a influência renovadora e vivificadora do Espírito Santo. O
entusiasmo pelo trabalho missionário afetou então a Escócia, e duas sociedades
missionárias foram organizadas em 1796. Mas no mesmo ano, a
Assembléia Geral da Igreja Escocesa aprovou o indigno ponto de vista de
que “espalhar o conhecimento do evangelho entre os bárbaros das nações
é absurdo e inominável”.
C) O Presbiterianismo na Irlanda: Durante a primeira metade do século
XVII, grandes extensões de terra no norte da Irlanda, foram tomadas
pelo governo inglês, em virtude dos seus proprietários se terem rebelado.
O povo irlandês que residia nessas regiões ficou desabrigado e emigrou para
o Sul. Suas propriedades foram ocupadas pelos novos colonos que o governo
fez vir da Escócia e da Inglaterra. Mais tarde, durante os “Tempos
de Trucidamento”, outros povos escoceses fugiram para a Irlanda, foi assim
que a província de “Ulster” veio a ser habitada principalmente por
gente escocesa, quase toda ela presbiteriana. Esta é a origem do povo
“escocês-irlandês”. Durante o século seguinte foram terrivelmente maltratados
pelos proprietários das terras. Foram também perseguidos pela igreja
oficial da Irlanda, que era episcopal, como a da Inglaterra. Por isto, entre
os anos 1713 e 1775, muitos milhares de escoceses-irlandeses emigraram
para a América onde desempenharam notável papel na formação do povo
americano.