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   Os pré-Reformadores  e  os Reformadores

 

A partir do ano 1300, o mundo ocidental experimentou um sentimento crescente de nacionalismo. Os povos não queriam sujeitar-se a Roma. Aspiravam ver surgir uma igreja nacional. Esse clima favoreceu o surgimento dos Precursores da Reforma. Eram homens cultos, de vida exemplar, que tinham prazer na leitura e na exposição da Bíblia Sagrada. São chamados precursores porque antecederam aos reformadores e, principalmente, porque não conseguiram superar o legalismo religioso – não descobriram a graça salvadora. Queriam fazer alguma coisa para alcançar a salvação, quando a Bíblia afirma: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9).

Os principais precursores da Reforma foram: João Wyclif (1328?-1384), professor na Universidade de Oxford, na Inglaterra: João Huss (1373?-1415), professor na Universidade de Praga, que foi queimado por causa de sua fé; e Girolano Savonarola (1452-1498), monge dominicano, que foi enforcado e queimado por ordem do Papa Alexandre VI, em Florença, na Itália.
Além dos movimentos liderados pelos Precursores da Reforma, ocorreram outras tentativas de reformar a igreja, mas sem êxito. No século XVI a situação era bastante propícia a uma reforma da igreja. A Europa estava no limiar de uma nova época política e social. Gutemberg revolucionara o processo de impressão de livro; Colombo descobrira a América... E o descontentamento com a igreja persistia. Tudo isso preparava o terreno para a reforma.

E Lutero foi o homem que Deus levantou para desencadear o movimento que resultou na Reforma Religiosa do Século XVI.

 

A PRÉ-REFORMA
 

Como se reservar moralmente e espiritualmente em meio a tanta corrupção? A igreja estava vivendo um período pior que o das perseguições, o problema estava nos púlpitos e no seio da igreja. Como a igreja passou a ser dominada pelo Romanismo, com o título de “Igreja Católica Romana”, havia corrupção de todas as formas. Nesse meio de corrupção destacava as reservas morais e muitos deles lutaram pela reforma. Portanto são chamados de pré-reformadores que se dispuseram a enfrentar as irregularidades e monstruosidades provindas do trono papal.

 

Neste período da Igreja, vivido pelos pré-reformadores, surgiram homens que exerceram grande influencia sobre os reformadores. Entre estes citemos o nome de Pedro Bruys, natural do sul da França, era considerado um homem de espírito indomável. Suas pregações eram provocantes e revoltava o clero, por essa razão viveu fugindo para escapar das perseguições. Com a adesão de muitos à sua luta, surgiu o movimento que se chamou de “Petrobrussiano”.

Mesmo com as lideranças da Igreja Católica Romana, tentando sufocar todos quantos se opusessem aos seus ensinos heréticos, muitos foram impulsionados pelo Espírito a desafiá-los.

Entre os Pré-Reformadores destacaremos alguns nomes, homens que em uma época em que o poder papal ousava a questionar a estrutura eclesiástica e seus fundamentos, não só na Igreja como também no Estado.


 

 

John Tauler (1300-1361)

 

Tauler nasceu na cidade de Strasbourg Alemanha por volta de 1300. Entrou para a ordem dominicana local aos quinze anos de idade. Sua compreensão das realidades teológicas era profunda e por volta de 1325 foi ordenado padre dominicano.

Um homem com alto índice de popularidade. Em 1339 sua comunidade foi forçada a deixar Strasburg para Basle devido a uma interdição papal a esta cidade. Ele optou por ser leal ao imperador em sua disputa com o Papa João XXII.

Só em 1498 seus sermões foram publicados em Leipzig, sendo a tradução latina de Laurentius Surius, impressa em Colônia em 1548, a que difundiu seu pensamento.

A edição impressa em Augsburg em 1508 foi lida por Lutero. Ele admirava sua defesa de uma completa submissão à vontade de Deus e suas notas sobre os sofrimentos que atormentam as almas devotas.

O fundamento, para Tauler, é a essência de nossa alma e é o lugar onde vamos ter contato direto com a Divindade. Enfatiza que neste nível profundo somos guiados por uma fome insaciável por Deus e uma predisposição para recebê-lo. Os textos enfatizam também que devemos abandonar o egoísmo e nossa vontade própria se queremos nos unir a Deus, e Tauler dá a maior relevância ao papel de Cristo neste processo. A atitude que devemos aprender é essencialmente a passividade, deixando Deus trabalhar em nós.

De fato, em geral Tauler creditava o imenso valor espiritual das tribulações diárias, e como estas servem para distinguir a verdadeira da falsa testemunha. Tauler demonstra uma grande compreensão de nossos períodos de fraqueza e falha.

Ele adoeceu em 1360, sendo tratado por sua irmã. Morreu em 16 de junho de 1361. Seu túmulo pode ser visitado na igreja luterana em Strasburg, construída na local da antiga igreja dominicana, que foi destruída por um incêndio em 1870.

 

John Wycliffe (1328 - 1384)

Pregador e reformador na Inglaterra. Era a favor da Bíblia como autoridade, e não o papa. Foi professor na Universidade de Oxford. Fez a primeira tradução completa do Novo Testamento para o Inglês. Queria reformar a Igreja. Era contra a venda de indulgências e, nessa questão, não contou com o apoio dos reis, que o protegeram do papa em outras ocasiões. Queria abolir as ordens religiosas. Não cria na transubstanciação (ou seja, a real presença de Jesus Cristo na eucaristia. A Igreja Católica acreditava na mudança da substância pão e vinho no próprio corpo e sangue de Jesus).

 

Era nacionalista e, para ele, o Estado tinha o direito de tomar os bens de uma igreja corrompida. Opôs-se aos dogmas da Igreja Romana com idéias revolucionárias. Atacou a autoridade papal, colocando Cristo, e não o papa, como chefe da Igreja e a Bíblia, e não a Igreja, como a única autoridade para o crente. Segundo ele, a Igreja Romana deveria estar dentro dos padrões do Novo Testamento. Atacou também os poderosos senhores da Igreja e do Estado, pois tanto o poder espiritual quanto o temporal deveriam obedecer a limites.

 

Para espalhar a Bíblia mais depressa, Wycliffe usou os serviços de seus amigos, como os irmãos Lollardos. Muitos desses amigos eram estudantes em Oxford. Vestidos de roupas simples, descalços, de cajado na mão e dependendo de esmolas, os amigos de Wycliffe percorreram toda a lnglaterra conduzindo seus manuscritos e pregando o evangelho!

 

Em 1382, suas idéias foram condenadas em Londres. Então, foi obrigado a retornar para seu pastorado em Lutterwoth, cuja Paróquia lhe fora concedida pela coroa em reconhecimento pelos serviços que ele prestou.

 

Wycliffe morreu em 1384, devido a uma embolia. Por estar em comunhão com a Igreja, foi enterrado em terra consagrada. Mas, anos depois, foi condenado como herege pelo Concílio de Constança, sendo seus restos mortais exumados e queimados. Wycliffe também conhecido de: “a Estrela d’Alva da Reforma”.

 

 

John Huss (1373-1415)

Reformador tcheco foi reitor na Universidade de Praga, na Boêmia (parte da Tchecoslováquia). Pregou a Bíblia como autoridade. Suas pregações reformistas foram influenciadas pelos ensinos de Wycliffe. Suas idéias foram consideradas heréticas, obrigando-o a comparecer ao Concílio de Constança.

 

O movimento reformista na Boêmia (que por questões de herança era ligada ao império alemão), iniciado por Huss, era apoiado pelos reis para limitar o poder da hierarquia eclesiástica associado a um desejo sincero de reforma que intentava corrigir os abusos da Igreja. Com o movimento, Huss pôde dar impulso à Reforma que pregava de púlpito. Na Capela de Belém (na Boêmia) deu continuidade a seus ideais relacionados à Reforma. Como apoiava as idéias de Wycliffe, foi proibido de pregar pelo papa, mas desobedeceu e permaneceu.

 

Foi convocado pelo papa para comparecer a Roma. Recusou-se e foi excomungado. Mas como contava com o apoio dos reis e de quase toda a Boêmia, continuou pregando sobre a Reforma. Opôs-se às indulgências, pois ninguém podia vender uma coisa que vem unicamente de Deus. Por ser considerado um herege, deixou Praga e refugiou-se no Sul da Boêmia, onde continuou trabalhando em favor da Reforma e escrevendo obras. Foi chamado a comparecer ao Concílio de Constança para defender-se pessoalmente. Para garantir sua segurança, contou com um salvo-conduto do imperador Sigismundo. Mas isso não impediu ao Papa João XXI de tratá-lo como um prisioneiro. Foi levado à assembléia acorrentado. Mesmo possuindo um certificado do inquisidor da Boêmia, declarando sua inocência, foi acusado de herege.

 

Caso se retratasse no Concílio, estaria confessando ser um herege e condenando seus seguidores. Então, não o fez. Entregou sua causa a Jesus Cristo, o juiz Todo-Poderoso. Foi encerrado na prisão. Seus inimigos queriam vê-lo vencido, pois sua execução seria uma mancha para o Concílio. Por fim, foi levado à fogueira usando uma coroa de papel decorada com diabinhos e, no caminho, teve de ver seus livros sendo queimados. Em sua última oração, disse: “Senhor Jesus, por ti sofro com paciência esta morte cruel. Rogo-­te misericórdia por meus inimigos”. Huss morreu entoando salmos.

 

 

 

 


 

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